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Beleza no cotidiano em LaSalle

Montreal

Canadá

Roberta de Oliveira Soares
Estudante de doutorado em ciências da educação

As fotos foram tiradas em sábados de manhã em outubro de 2022 em LaSalle, Montreal, Canadá. Sou brasileira (de São Paulo), mas sou imigrante no Canadá desde dezembro de 2016. Minha primeira e até então única morada desde minha chegada no Canadá tem sido em um apartamento na Boulevard Angrignon. As fotos foram tiradas no caminho de casa até o parque Angrignon.
Desde o início da pandemia, meio que por falta de opções, acabei conhecendo a fundo o parque próximo de onde moro, parque Angrignon, que fica há 1km de onde moro. Para minha sorte, trata-se de um dos maiores e mais bonitos parques da cidade. O parque com sua flora, fauna e pessoas tornou-se meu principal objeto de fotografias. Também se tornou um espaço para me exercitar, mas sobretudo para fugir da cidade dentro da cidade. Desde a pandemia, tenho trabalhado sobretudo em casa em frente ao computador e online. Procuro mostrar em minha narrativa, meu caminho do computador, à janela, ao parque. Da vista da janela, poluição visual há meses, ainda que colorida, então sigo meu caminho até o parque. Lá, há uma pequena trilha, minha preferida, sempre pronta para oferecer sombra e sons naturais. Vejo-me também nas sombras e nos reflexos da natureza. A paisagem muda drasticamente durante o ano devido a mudança das estações.
Enquanto caminho e tiro fotos, reflito. O que é um cotidiano? É o que pode ser, o que precisa ser. Vemos beleza onde dá, com uma pitada de blasé. Faz parte, para sobreviver em sociedade. Olhos humanos são lentes poderosas, mas com a câmera vemos além e aquém. Pode melhorar um pouco no pós-produção, mas não muito. Não pode ficar artificial. Se ficar, que mensagem passamos?
Narrativa fotográfica? Qual o objetivo de minhas fotos? Precisa ter objetivo? De qualquer forma, sempre digo algo. Inovador? Interessante? Entediante? Tirar fotos é sobretudo uma forma de se expressar. Só sei que preciso disso para sobreviver e trazer beleza para a vida. E, com um pouco de sorte, compartilhar beleza. Como imigrante, é impossível não notar, ignorar. Pessoas queridas do Brasil nem sempre acompanham as diversas linguagens: francês, inglês, academiquês. Sem contar as diferenças culturais. Mas a gente quer trocar. Fotografias possuem a própria linguagem e sou grata por isso. Através das fotos, compartilho meu cotidiano. Na verdade, é uma desculpa para se conectar. E uma forma de me conectar à distância. Fotos enviadas por WhatsApp e postadas no Instagram. Compartilho meu mundo e vice-versa. Obrigada por cotidianar comigo em imagens.

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